Divagação #2

Já plantei uma árvore, até flores.

Já fiz um filho, até dois, só estou à espera de resolver o problema de como fazer 0,1 para atingir a média que o país precisa.

A minha dúvida é, eu já escrevi o suficiente para constituir, digamos assim, um livro. Mas não existe livro físico de minha autoria. Será que já escrevi um livro?



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Pensamento #10

O dado a que mais presto atenção numa sondagem é o "intervalo de confiança".
Numa sondagem com um intervalo de confiança de 95% quer dizer que eu posso (ou devo) escolher confiar de 0 a 95?
Explica a grande maioria das sondagens.

Pensamento #9

O conselho que o meu pai nunca me deu.
O meu pai dizia,
"Se queres ser alguém na vida tens que estudar e vou fazer-te sócio do Benfica" (e eu, como com filho, fiz-me sócio do Sesimbra e adepto do Sporting).
Hoje, ao meu filho direi
"Se queres ser alguém na vida inscreve-te num partido político e faz-te sócio da Opus-Dei, Opus-Gay ou da Maçonaria".

Opinião #13

O contexto é o pretexto.
Sempre que algum político diz alguma coisa de que se arrepende, foi retirada do contexto. Mesmo que se transcreva um discurso inteiro, se está lá alguma coisa incomoda, está descontextualizada.
Assim tambem eu!

Opinião #12

Mesmo assim ainda estamos com uma hora a menos. Está a amanhecer às 6! Para quê?
Os galos e a passarada começam a palrar mais cedo. Dorme-se mal quando, como eu, não se gosta de ter as janelas "blindadas", os médicos afirmam não ser bom para a saúde.
No lado oposto do dia luminoso, qual o mal de anoitecer às 10 da noite?
É que isto de ser europeu mas depois não ser europeu em nada do que nos daria jeito (carrinhos, IVA, hora...), não me parece bem…

Pensamento #8

Eu costumava achar que o racismo em Portugal era uma coisa muito soft, quase um dado adquirido, é racismo sim, mas há racismo mais ofensivo que outro, se me entendem.
Mas agora que vejo, como vi e ouvi, crianças de 6-7 anos que são de facto profundamente racistas, porque a sua ingenuidade que vai perdurar lhes fez acreditar que "os pretos são maus", "com os pretos não se brinca" (penso que até em duplo sentido), "os pretos não são como nós", percebo que estamos perante o que chamaria um sarilho.
É que vai ainda ser mais um sério factor de divisão e fractura na aldeia que quanto mais global é mais motivos encontra para não o ser.

Pensamento #7

Já era hora de os políticos receberem que isso do "as acções do governo são julgadas a cada 4 anos, em eleições".
É demasiado arriscado, 4 anos dá para fazer muita asneira.
Aprendemos isso com vocês.

Pensamento #6

Quero ver como é que vai ser da próxima vez que isto acontecer com uma criança portuguesa...



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Pensamento #5

Durante a semana não há nada. Depois chega domingo à noite e é tudo ao molho, o Marcelo, o Rui Santos, os Gatos, a Hora H (agora também está no horário da molhada), a Bela e o Mestre (talvez o melhor dos três programas de humor).
É pá, organizem-se, porra!
E ainda tenho o Planeta3 da "minha" Raquel Bulha às 10 na Antena3.

Pensamento #4

Eu consigo sonhar para mim as viagens dos outros.
E isso, parecendo que não, poupa-me um dinheirão.

Opinião #11

O argumento de que "é assim porque é inglesa. Se fosse portuguesa..." é estúpido. Sobretudo quando arremessado à PJ.
Se é "especial" é, acima de tudo pelos media.
No hospital de Penafiel não houve Sky News, SIC Notícias, BBC, SUNs, Mirrors, 24Horas. E apareceu, viva, ao fim de um ano, sim.
Em Manchester demorou menos tempo.
Eu preferia esperar um ano por um filho vivo do que uma semana por um cadáver.
Aqui não há críticas, só pensamentos. Mais. Sentimentos.
Eu estou a curtir o estilo Paulo Bento da nossa bófia, "Investigação: polícia. declarações, lei. Tv: desgraça, especulação, exaurir, esmifrar, sofrer, solidariedade. Agora investigação, polícia".


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Guia para o mundo do Arcebispo

Opinião #10

Nem Sun Tzu me consegue fazer ver lógica numa guerra. Mas havendo, não me parece lógico ou justo que haja do mesmo lado os que matam e os que só defendem e organizam.

Os nossos, a partir do momento que estão lá, têm que matar e morrer tanto como os outros, bons e maus.

Diz que é uma coisa que se chama guerra.

Não queriam, não iam, ficavam em casa a ler Sun Tzu.

Pensamento #3

Por 1 golo? Até dói! Mas durante uma hora eu sonhei e eles sofreram (e confesso um prazerzinho perverso ao imaginar o biógrafado das bombas a sofrer durante esse tempo).

Mas por outro lado, caramba, eles vão em primeiro desde o início, talvez não fosse muito justo.

E agora, se bem entendo, tenho um dilema.

Se o Aves der H5N1 ao FCP, o meu Sporting é campeão mas o meu Vitória de Setúbal desce.
Acho que prefiro ficar em segundo desde que o Setúbal não desça. Não sei porquê alegro-me sempre com os mais pequenos.

Pensamento #2

Resisti 10 dias sem falar do assunto porque não haver qualquer possibilidade de fazer humor com o caso, e nem preciso dizer qual é, mas fica-me um pensamento e um sentimento que por ser raro em mim, quero deixar escrito: orgulho, de ser Português, de sermos Portugal. E por ter este espaço, posso faze-lo.

Há quem receie pela imagem de Portugal. Pois eu acho que só pode sair beneficiada, independentemente de desfechos. Se assim não o for, são "eles" (eles mundo, sociedades, povos, pessoas) que devem começar a rever rapidamente os seus valores. Não nós, que ainda os vamos tendo correctos.
Humanismo, solidariedade. Pilares.

Porque o exemplo está no Joaquim e na Manuela a espreitar para dentro daquele arbusto, não num combate "if he did a vídeo, I'll make a better one", entende, Sr. Presunto do Lombo (Mr. Beckham)?

Afinal, até compreendi que os nossos brandos costumes (já não volto a adjectivar com passividade ou panhonhice) nem são defeito. Irritam, sim, mas apenas nos prejudicam. No harm done.

O essencial, a julgar por Cristo, Marx, Ghandi, Teresa de Calcutá, Mandela e tantos outros, Ideais de todas as revoluções desde a francesa, da Direita à sua maneira, da Esquerda à sua maneira, das Religiões à sua maneira, está cá ainda vivo. Resume-se numa palavra: HUMANISMO, HUMANIDADE (sim, sou mau a matemática mas isto é mesmo só uma palavra).

E ao escrever isto, veio-me à cabeça uma frase que pode ser a mais parva que já escrevi, mas que vou escrever, porque resume tudo isto:
"If it happened to me, I'd rather be in Portugal".

(não Pinho, não é uma boa ideia para uma campanha publicitária) Se "vocês" (não são vocês, são os "eles" do início do texto) entenderem esta frase, talvez aprendam um pouco a ser como nós, "pobretes mas alegretes". Afinal eu próprio só agora aprendi que tal expressão, parecendo, não é queixume, é saber o que é essencial.

As tragédias fazem pensar, não fazem? Como é que é aquela coisa do "works in misterious ways" e do "direito por linhas tortas"?

Opinião #9

Barco Negro é um fado, dos bem tristes. E dá vontade de dançar, de viver a festa que se adivinha numa audição ao vivo.

No CD cala-nos. Absorve os restantes quatro para o sentido auditivo se poder extasiar na perfeição do rendilhado dos arranjos e na pureza da voz.

É Fado Ladino, obra de arte criada por Rosa Negra. É uma perplexidade.

É fado. Mas onde cabe tanta coisa. Aqui é norte de África, Marrocos, Tunísia, Turquia, mas ali já é tão português, e é fado, e não tem guitarras. Mas tem Ribatejo, tem touros e touradas, tem fanfarra, e tem valsa e tango, e é fado. Mas tem vaudeville, tem Kusturica, tem Tonicha, tem Dead Can Dance, tem salero, tem flamenco e na voz ate blues tem, e é fado.

É um êxtase.

Ora vejam se exagero.

Divagação #1

Uma vespa fez ninho num buraco de um divan que tenho no jardim. Aquilo incomoda, pica, eventualmente. Ao fim de vários dias decidi, tapei o buraco.

Estava à janela da cozinha quando ela voltou ao alpendre onde está a minha cama de leitura ao ar livre, prazeres da vida no campo.

Horas passadas ainda ali andava. Voava zonza, entontecida. Andava assim desde que chegara. Sabia onde era a entrada, mas parecia não usar os olhos, apenas o instinto, aproximava-se, afastava-se, procurava um pouco mais ao lado, visivelmente perturbada, desorientada, como se o instinto lhe falhasse e tivesse que pensar, coisa que não sabe, não pode, não consegue fazer. Voava então para mais longe, como que para retomar o caminho, como que para fazer voltar atrás o tempo, e volta, volta sempre. Volta a quê? A um instinto? A uma casa? A um ninho? Desespera, ainda que só por instinto, por uns ovos de que há-de cuidar?

Horas passadas e ainda ali anda e de cada vez que a vejo aumenta-me um sentimento de culpa, de pena.

O raio daquela irritante vespa ficou tão humana. Entendi os janaístas.

Opinião #8

Para mim um bom concerto (música) é aquele que cada vez que me vem à memória me transporta de novo para o tempo, espaço e momento passado, vivido.

Há-os que não deixam esta marca. Não provocam efeitos secundários.

Pensamento #1

Causa espanto ler que, em Portugal, sai mais caro fumar tabaco que haxixe.

Não sabem que as drogas, quanto mais "duras", mais caras?